Temário sessões especiais

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STE01 – Análise de Sistemas de Abastecimento de Água

Coordenador Principal: José Carlos Cesar Amorim
Coordenadores: ALEXANDRE KEPLER SOARES, IRAN EDUARDO LIMA NETO, José Gilberto Dalfré Filho, Lubienska Cristina Lucas Jaquie Ribeiro, GUSTAVO MEIRELLES LIMA, Bruno Melo Brentan, Marco Aurélio Holanda de Castro

Os sistemas de abastecimento de água são fundamentais para o desenvolvimento social e econômico de cidades. Sua infraestrutura é complexa, com diferentes componentes hidráulicos desde a captação da água até a distribuição. Assim, sua concepção, operação e gestão devem ser eficientes para minimizar seus custos e impactos ambientais. Entretanto, devido à sua complexidade, a obtenção de soluções adequadas não é simples, e requer o estudo detalhado do sistema. Atualmente, técnicas de otimização e aprendizado de máquinas têm sido aplicadas para auxiliar o dimensionamento e reabilitação de redes, identificação e localização de vazamentos, operação de estações elevatórias e válvulas, dentre outros problemas recorrentes nos sistemas de distribuição de água. A eficiência destas técnicas depende em grande parte da qualidade e quantidade de dados coletadas pelo sistema de monitoramento, e da precisão do modelo hidráulico a ser utilizado como referência. Assim, o desenvolvimento de sensores de baixo custo, a localização de sua instalação e o desenvolvimento de modelos precisos com rápido processamento também são fundamentais para a melhoria do sistema. Desta forma, nesta sessão técnica esperam-se contribuições que visem a melhoria da concepção, operação e gestão de sistemas de distribuição de água.

STE02 – Aplicações e perspectivas da modelagem hidrológica com o SWAT (Soil and Water Assessment Tool) e SWAT+

Coordenador Principal: Danielle de Almeida Bressiani

O modelo hidrológico SWAT é um dos modelos mais utilizados internacionalmente, sua aplicabilidade vem sendo constantemente verificada em diversas publicações científicas e trabalhos técnicos no Brasil e no Mundo. Este modelo pode ser utilizado para uma diversidade de aplicações, entre as quais podemos destacar o planejamento e gerenciamento de bacias hidrográficas, a simulação de diferentes cenários de uso da terra e práticas conservacionistas, a previsão de eventos de enchentes e secas e estimativas e estudos hidrossedimentológicos e de qualidade da água.

Num país continental como o Brasil o uso do modelo para gestão de bacias hidrográficas pode apoiar fortemente as agências de águas e comitês de bacias hidrográficas na melhoria da disponibilidade hídrica e conservação das águas, de modo que os benefícios sociais e ambientais da utilização do modelo tornam-se claros e podem ser materializados pelos resultados que à gestão integrada de recursos hídricos.

Os modelos SWAT e SWAT+ estão em constante evolução, e as aplicações vislumbradas estão se expandindo cada vez mais, e várias possibilidades científicas são criadas tanto no aprimoramento do modelo em si, como em seus distintos usos.

A expansão dos usuários do modelo e a troca de experiências entre eles é de suma importância para que o aprimoramento de seu uso possa avançar no Brasil.

Com essa sessão técnica especial, espera-se encorajar a participação de profissionais e pesquisadores que trabalham com o SWAT e SWAT+ e criar uma oportunidade de intercâmbio entre os modeladores e interessados na utilização do modelo para gestão de bacias.

STE03 – Arranjos institucionais e econômico-financeiro para gestão das águas urbanas

Coordenador Principal: Conceição de Maria Albuquerque Alves
Coordenadores: Ana Cristina Santos Strava Correa, LIGIA MARIA NASCIMENTO DE ARAUJO, Oscar de Moraes Cordeiro Netto, DANIELE FEITOZA SILVA, Melissa Cristina Pereira Graciosa, Maria Elisa Leite Costa, Anaí Floriano Vasconcelos

Os efeitos de uma boa gestão de águas urbanas são essenciais ao desenvolvimento econômico e social de ambientes urbanos, ao tempo que também podem contribuir para redução da pobreza e das desigualdades (incluindo acessibilidade física e econômica aos serviços oferecidos). Ambientes urbanos são palco de grandes disparidades, especialmente em países em desenvolvimento, expressas em diferentes tipologias de habitação e padrões de utilização de água. Diferentes processos de urbanização, com preservação ou não de áreas verdes são elementos de diferenciação da forma como as sociedades experimentam a vivência urbana, podendo, também, representar significativas diferenças de qualidade de vida e de oportunidades de desenvolvimento humano. Nesta sessão técnica especial, pretende-se reunir trabalhos técnicos e científicos que abordem diferentes perspectivas e modelos de gestão, regulação e fiscalização dos serviços hídricos e de saneamento (água, esgotamento sanitário e drenagem e manejo de águas pluviais) em permanente evolução nas cidades atuais. Busca-se discutir proposições e viabilidade de arranjos institucionais que atendam uma variedade de tipologias de cidades diferenciadas em seus aspectos fisiográficos, populacionais, habitacionais e climáticos. E ainda avaliar mecanismos econômico-financeiros para viabilização de tais serviços de águas urbanas (aqui entendidos como serviços hídricos, de abastecimento de água, de esgotamento sanitário e de drenagem e manejo de águas pluviais). Esses trabalhos devem subsidiar o debate qualificado na direção do cumprimento das metas da universalização do saneamento básico (Lei 14.026/2020), do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6 que busca ?Garantir a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos? e do ODS 11 que busca ?Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis?. Serão reunidos trabalhos teóricos e estudos de caso que incorporem referidas reflexões no âmbito de áreas de conhecimento da engenharia, economia e das ciências sociais e áreas afins, abraçando o caráter interdisciplinar que o tema impõe.

STE04 – Cheias no Brasil: geração, previsão e impactos

Coordenador Principal: Pedro Luiz Borges Chaffe
Coordenadores: Carlos Henrique Ribeiro Lima, MARCUS SUASSUNA SANTOS, Dirceu Silveira Reis Junior, Veber Afonso Figueiredo Costa, Francisco Eustáquio Oliveira

O Brasil é a segunda economia emergente com maior potencial de perdas devido as cheias e inundações. Além de atuarem em diversas escalas e não serem completamente entendidos, muitos dos mecanismos que controlam as cheias estão mudando devido a interações complexas entre o clima, uso da terra e atividades humanas. Assim, a compreensão dos processos formadores das cheias tem potencial de produzir grandes ganhos para a sociedade, permitindo apontar as melhores medidas mitigadoras para o risco de cheias e as melhores práticas para o gerenciamento dos recursos hídricos.

O objetivo desta sessão é analisar os principais processos que governam as cheias no Brasil, incluindo detecção, atribuição e mudança dos padrões espaciais e temporais em diversas escalas. Esta sessão busca trabalhos de caracterização, estimativa e também de aspectos técnicos e operacionais que envolvam estudos de casos de cheias em diferentes regiões. As contribuições devem idealmente discutir os desafios e os benefícios das metodologias para a identificação e caracterização das cheias no Brasil. Alguns aspectos a serem discutidos na sessão técnica incluem:

  • Padrões espaciais e variabilidade temporal da ocorrência das cheias;
  • Análise de tendências;
  • Análise de incerteza;
  • Métodos de regionalização;
  • Análise de frequência de cheias, métodos estacionários e não estacionários;
  • Processos não-estacionários em decorrência de mudanças no clima, uso do solo e atividades antrópicas;
  • Impactos socio-econômicos e ambientais da mudança do padrão de ocorrência de eventos hidrológicos extremos;
  • Análise quanto à gestão de risco e desastres relacionados a inundações, sejam na fase de prevenção e preparação, seja nas fases de impactos e resposta.
  • Decisão sobre investimentos em infraestrutura para redução do risco de cheias em um ambiente potencialmente não-estacionário.
  • Práticas de ensino e ferramentas computacionais para o estudo de cheias.

STE05 – Conectividade de Água e Sedimentos

Coordenador Principal: Franciele Zanandrea

A conectividade hidrológica e hidrossedimentológica são definidas como a transferência física de matéria (e.g. água e sedimentos) entre diferentes compartimentos da paisagem na bacia hidrográfica. Os fenômenos que regem a conectividade atuam em diversas escalas e são peças-chave para o entendimento da dinâmica da água e sedimentos em bacias hidrográficas. A conectividade estrutural (espacial) foi apresentada na comunidade internacional sob uma perspectiva geomorfológica, principal área que vem abordando este tema. Porém, a funcionalidade (temporalidade) da conectividade é dependente dos processos hidrológicos, e abordagens estruturais podem não ser suficientes para representar a conectividade de água e sedimentos em bacias hidrográficas. Portanto, existe a necessidade de uma ampla discussão também sob a perspectiva da hidrologia, visto que, principalmente no Brasil, o maior vetor de conectividade é a água. As variadas formas de (des)conectividade natural podem ter grandes implicações espaciais e temporais nos processos naturais, incluindo os recursos hídricos, sua quantidade e qualidade. Assim, além do interesse científico, a conectividade é uma ferramenta potencial aos gestores de recursos hídricos, pois considera a paisagem de maneira integrada, vinculando diversas áreas e auxiliando no entendimento da dinâmica dos sistemas naturais. Nesta sessão, buscam-se contribuições que levem em conta o entendimento da conectividade considerando a elevada diversidade geográfica (solo, relevo, clima e vegetação) das bacias brasileiras. Espera-se, ainda, que os trabalhos submetidos sejam interdisciplinares e possibilitem o avanço no entendimento da conectividade em diferentes escalas espaciais, e, principalmente, quanto a variabilidade temporal, resultado da dinâmica dos processos hidrológicos. Assim, a sessão possibilitará avanços na discussão acerca do papel da conectividade no gerenciamento interdisciplinar e integrado de sistemas naturais.

STE06 – Contribuições da sócio-hidrologia para gestão de sistemas hídricos

Coordenador Principal: Conceição de Maria Albuquerque Alves
Coordenadores: EDUARDO SAVIO PASSOS RODRIGUES MARTINS, ROBERTA MARA OLIVEIRA, Isabelle Tritsch, Eduardo Mário Mendiondo, Fernán Enrique Vergara

O reconhecimento da influência da dimensão humana no planejamento e gestão de sistemas hídricos tem motivado o avanço da sócio-hidrologia como área de conhecimento importante para melhoria das decisões. Os usuais sistemas espaciais de apoio a decisão (SEAD) que incorporam sistemas de informações geográficas a modelos hidrológicos e de qualidade da água já estão incorporados às rotinas de análise parra subsidiar decisões na operacionalização dos instrumentos de gestão de recursos hídricos tais como outorga, cobrança, enquadramento. No entanto, a incorporação do impacto do comportamento humano na modelagem hidrológica é avanço recente que eleva esses sistemas a um patamar mais representativo da realidade local onde as decisões têm mais impacto. Segundo Banco Mundial, há um déficit de infraestrutura hídrica resiliente de aproximadamente 1/4 do PIB brasileiro até 2030. O envolvimento dos usuários em iniciativas para ampliação dessa infraestrutura é fundamental. Os sistemas multiagentes e os modelos baseados em agentes auxiliam na integração da dimensão humana aos modelos hidrológicos e têm promovido avanços na democratização das decisões, no monitoramento hidrológico, na gestão da demanda hídrica, na disseminação de tecnologias, na adesão a campanhas educativas. A presente sessão técnica especial reúne trabalhos técnicos e científicos que contribuam com a incorporação da dimensão humana no processo de tomada de decisão, possibilitem a troca de experiências e de procedimento em andamento.  Os trabalhos podem conter apresentação de ferramentas computacionais de apoio à decisão, estudos de caso, propostas de metodologias de interação das ciências sociais e hidrológicas, contribuições da socio hidrologia para o fortalecimento dos instrumentos de gestão já operacionalizados (outorga, cobrança e enquadramento).  Podem ser recebidos trabalhos com foco em ambientes rurais ou urbanos.

STE07 – Desafios e Estratégias de Resiliência em Cidades Costeiras

Coordenador Principal: RODRIGO AMADO GARCIA SILVA

As áreas costeiras são locais onde estão fixadas boa parte da população brasileira e onde se situam grandes metrópoles no país e no mundo. Tais áreas são estratégicas e relevantes em termos: econômicos, pois abrigam portos e hidrovias, por onde boa parte da produção brasileira é exportada; sociais, pois além de concentrar grande número de habitantes, são polos turísticos; e ambientais, pois abrigam ecossistemas com grande biodiversidade. Soma-se a isso o fato de a costa ser uma das principais áreas impactadas no contexto das mudanças climáticas.

Neste contexto, a compreensão da dinâmica de ambientes costeiros mostra-se importante na área de recursos hídricos, sendo essencial para a busca de soluções para os desafios mais comumente enfrentados em cidades costeiras.

Esta sessão técnica tem como expectativa receber trabalhos com foco no estudo de problemas de caráter hídrico, sobretudo em corpos de água, em metrópoles situadas na costa. Esperam-se, principalmente, estudos relacionados a estratégias de adaptação às adversidades atuais e àquelas esperadas para as próximas décadas nos seguintes tópicos:

  • Erosão costeira
  • Mudanças climáticas
  • Eventos extremos
  • Processos sedimentológicos
  • Sedimentação portuária
  • Obras e estruturas costeiras e portuárias
  • Qualidade de água em lagoas e estuários
  • Saneamento em cidades costeiras

STE08 – Detecção e estudo da origem de variabilidade e tendências em séries hidrológicas

Coordenador Principal: LIGIA MARIA NASCIMENTO DE ARAUJO
Coordenadores: Walter Collischonn, Carlos Henrique Ribeiro Lima, OTTO CORREA ROTUNNO FILHO, MARIA GERTRUDES ALVAREZ JUSTI DA SILVA, Daniel Medeiros Moreira

A pesquisa sobre a variabilidade espaço-temporal de processos hidrológicos é motivada pelas relevantes implicações sobre os recursos hídricos e sua gestão, incluindo a previsão e o gerenciamento do risco de eventos extremos como secas e cheias, e o planejamento da geração hidroelétrica. Nesse contexto, destacam-se os estudos sobre as mudanças nos padrões hidrológicos decorrentes de tendências, saltos (step changes) e variabilidade cíclica, oscilações de baixa frequência, como decenal e multidecenal, em séries hidrológicas, com especial atenção à tendência de redução de vazão em várias bacias brasileiras ao longo dos últimos anos, buscando-se atribuir suas causas.

O entendimento científico de tais processos inclui a detecção de sua ocorrência em séries temporais de dados históricos e paleoclimáticos, assim como a atribuição de potenciais fatores responsáveis pelos padrões observados. Nesse sentido, esta sessão especial busca reunir trabalhos científicos e técnicos que possam contribuir para o avanço do conhecimento relacionado a mudanças hidrológicas.

Exemplos de potenciais trabalhos para a sessão incluem estudos teóricos e aplicados de detecção de tendências (monotônicas, polinomiais, saltos, cíclicas, etc) em séries históricas de precipitação e vazão, com aplicação de técnicas tradicionais e novas de detecção de tendências (testes de hipóteses, transformada wavelet, etc) e análise de processos naturais (ex. variabilidade climática) e antrópicos (ex. mudanças no uso do solo e de usos consuntivos), associados ou correlacionados com as mudanças hidrológicas observadas. Também são esperados trabalhos que investiguem as causas de tendências ou mudanças de comportamento hidrológico, relacionando-as com variáveis climáticas, essas muitas vezes expressas por índices como El Niño Oscilação Sul (ENOS/ENSO), Oscilação Decenal do Pacífico (ODP/PDO), Oscilação Multidecenal do Atlântico (OMA/AMO) e outros índices oceano-atmosféricos.

STE09 – Drenagem e assentamentos precários: soluções integradas para o manejo das águas pluviais na urbanização de assentamentos humanos

Coordenador Principal: Melissa Cristina Pereira Graciosa
Coordenadores: Nilo de Oliveira Nascimento, Eduardo Mário Mendiondo, Priscilla Macedo Moura

(i) Os fundos de vale e encostas urbanos constituem cenário de ocupação irregular por assentamentos precários, por diversas razões sociais. Experiências vêm apontando que a urbanização de assentamentos constitui alternativa vantajosa em relação à construção de conjuntos habitacionais convencionais, distantes dos centros urbanos, com altos custos de implantação de infraestrutura urbana. Excetuando-se as edificações em alto risco hidrológico, geológico-geotécnico, estrutural ou de salubridade, parte das moradias têm condições de regularização e urbanização no local, com menores custos econômicos e sociais. Nesses casos, as soluções para alagamentos, inundações e enxurradas podem não ser as mesmas adotadas em loteamentos convencionais, devido aos padrões de ocupação com características e dinâmicas próprias, como altas declividades, vielas estreitas, pouco espaço, etc., que demandam soluções tecnicamente eficientes, criativas e multifuncionais. Nesse cenário, a sociedade apresenta à comunidade acadêmica o desafio de conceber, planejar, projetar e avaliar soluções que atendam a esta demanda urbana, social e ambiental.

(ii) Busca-se discutir soluções para a drenagem na urbanização de favelas a partir de uma abordagem integrada, que contemple as especificidades locais, a integração entre as dimensões da urbanização e os objetivos da drenagem sustentável. A ciência de recursos hídricos contribui, nesse contexto, com no desenvolvimento de metodologias de diagnóstico do risco, a fim de definir os recortes territoriais onde é viável a urbanização no local; com a avaliação hidrológica e hidráulica de cenários, integrando aspectos multifuncionais que contemplem as especificidades e demandas locais; com a gestão dos sistemas, considerando processos participativos, a fim de conceber estruturas que atendam aos anseios das comunidades e que possam ser geridas com sua participação. Trata-se, portanto, de um campo de integração entre a ciência de recursos hídricos e as políticas sociais e habitacionais, em que a hidrologia, a hidráulica, a drenagem e o saneamento se aliam à área social, urbanística e de habitação para construir soluções integradas pra um problema latente urbano e ambiental.

(iii) Diversos grupos de pesquisa vêm trabalhando as questões relacionadas às águas urbanas em assentamentos precários, com relação à gestão das águas urbanas nesses assentamentos e às soluções técnicas integradas, sendo que ambas as abordagens são esperadas nesta sessão. Pretende-se discutir os aspectos quantitativos, qualitativos, de infiltração das águas de chuva, de aplicação de soluções baseadas na natureza, paisagísticos, sociais, urbanísticos, de adaptação e resiliência frente a eventos extremos, dentre outros.

STE10 – Enquadramento de corpos hídricos – desafios e avanços de implementação

Coordenador Principal: WALTER CORRÊA CARVALHO JUNIOR

O Enquadramento dos corpos hídricos é uma das ferramentas com maior potencial dentro dos instrumentos da Política de Recursos Hídricos, pois propõe a definição de metas progressivas e contínuas de acordo com as demandas de usos no corpo hídrico, ou seja, enquadrar os corpos hídricos é definir a economia, potenciais infraestruturas e movimentações financeiras regionais. Tem-se um desafio grande a ser vencido na implementação de enquadramentos factíveis e exequíveis dentro de cada contexto regional na gestão de recursos hídricos. O enquadramento de acordo com as demandas de usos prioritários e mais restritivos, geralmente se vincula a obras de infraestrutura hídrica como: saneamento básico e reservatórios de segurança hídrica, salientando que estas obras possuem conexão direta com saúde e bem-estar populacional. Deve-se entender e considerar que os instrumentos de gestão são inter-relacionados e dependentes entre si e, portanto, efetivando um enquadramento com viabilidade técnica de execução, terá estabelecido uma base fundamental para outorga de direito de uso (especialmente para diluição de efluentes) e consequentemente, critérios norteadores para a cobrança pelo uso. Espera-se contribuições na prática da implementação deste instrumento, indicando questões como: aprimoramento da escolha das classes de enquadramento pela sociedade (geralmente Comitês de Bacias Hidrográficas); estabelecimento de metas progressivas intermediárias e finais; técnicas de implementação e acompanhamento das metas progressivas e finais; apresentação de indicadores da eficiência do enquadramento; enquadramento de águas subterrâneas; sistemas de informações para um acompanhamento transparente da ferramenta, além de estudos de casos que possam contribuir para uma melhor gestão dentro do território nacional e internacional.

STE11 – Estudos energéticos e os desafios da hidreletricidade no Brasil

Coordenador Principal: DANIEL HENRIQUE MARCO DETZEL
Coordenadores: Angela Regina Livino Carvalho, FERNANDA DA SERRA COSTA

A geração de energia elétrica no Brasil tem historicamente uma relação muito próxima com a engenharia de recursos hídricos, dada a grande participação de usinas hidrelétricas na matriz elétrica nacional. Atualmente, a hidreletricidade divide espaço com outras fontes de geração, em particular eólicas e solares fotovoltaicas, além de centrais termelétricas. Ainda assim, empreendimentos hidrelétricos tem grande importância, seja na geração de energia em si, ou no suporte a fontes variáveis de geração e que não possuem sistemas de armazenamento da energia produzida.

Somado aos desafios da diversificação na matriz elétrica, a hidreletricidade vem enfrentando adversidades em consequência das crises hídricas ocorridas na última década. Deferentes regiões brasileiras passaram por situações de escassez hídrica, demonstrando a necessidade de os distintos setores ligados aos recursos hídricos, incluindo a comunidade da ABRHidro, trabalharem integrados para mitigar os impactos das citadas crises. Em complemento, as mudanças climáticas trazem incertezas que ainda carecem de estudos para melhor entendimento e proposta de planos de ação.

Nesse contexto, ficam os interessados convidados a contribuírem com esta Sessão Técnica Especial submetendo artigos técnicos com foco em:

  • Operacionalização da integração dos múltiplos usuários de recursos hídricos no contexto de reservatórios que têm a função de geração de energia elétrica.
  • Modelagem e previsão de séries hidrometeorológicas de interesse energético.
  • Não estacionariedade de séries hidrológicas e seus efeitos na geração de energia.
  • Métodos de baixo custo para atualização das curvas cota-área-volume e estimativas de assoreamento em reservatórios com função de geração de energia elétrica.
  • Técnicas para reconstituição de vazões naturais afluentes aos aproveitamentos hidrelétricos.
  • Impactos da evaporação líquida dos reservatórios na geração de energia. 
  • Capacidade de regularização de reservatórios, novos ou existentes.
  • Outros tópicos que contribuam aos estudos energéticos.

STE12 – Gestão Adaptativa de Sistemas Hídricos para Segurança Hídrica

Coordenador Principal: Conceição de Maria Albuquerque Alves
Coordenadores: Eduardo Mário Mendiondo, Suzana Maria Gico Lima Montenegro, Cristovão Vicente Scapulatempo Fernandes, Rodrigo Cauduro Dias de Paiva

A gestão de sistemas hídricos com múltiplas finalidades apresenta complexidades associadas às interrelações entre sistemas hidrológicos, ambientais e socioeconômicos. Segundo Banco Mundial, há um déficit de infraestrutura hídrica resiliente de aproximadamente 1/4 do PIB brasileiro até 2030. O planejamento de longo prazo dessas infraestruturas hídricas requer o tratamento adequado de incertezas climáticas, sociais e econômicas cujos comportamentos ainda não contam com um consenso de compreensão e conhecimento científicos. Fatores como alterações nos padrões de demanda (impulsionada por mudança comportamental de usuários), mudanças de uso e ocupação do solo, alterações de cenários econômicos e políticos somam-se ao componente climático para compor um conjunto vasto de cenários nos quais os sistemas hídricos irão atuar. A gestão desses sistemas apresenta-se como um problema que inclui múltiplos objetivos e restrições, diversas incertezas e, muitas vezes, ausência de convergência de soluções que sejam compartilhadas entre atores envolvidos na decisão. A gestão adaptativa de sistemas hídricos requer integração de saberes e incorpora um caráter interdisciplinar para representar uma visão integrada, sistêmica e transdisciplinar da gestão de recursos hídricos. Para abordar esses problemas, novas áreas do conhecimento têm se integrado para disponibilizar técnicas para garantir segurança hídrica em múltiplas escalas espaciais (municipais, estaduais, regionais, nacionais e até transfronteiriças). São exemplos dessas abordagens as diversas técnicas de aprendizado de máquina, métodos de tomada de decisão diante de incertezas profundas (DMDU-decision making under deep uncertainty), sistemas multiagentes que associados aos modelos físicos tradicionais podem contribuir para uma melhor representação da dinâmica e da complexidade dos sistemas hídricos e, portanto, resultar em melhores decisões. A presente sessão técnica busca reunir trabalhos científicos no âmbito da gestão adaptativa de sistemas hídricos em ambientes rurais ou urbanos e que contribuam por meio de procedimentos, metodologias e estudos de caso com a construção de soluções e caminhos para segurança hídrica com sustentabilidade ecossistêmica.

STE13 – Hidrologia de Encosta: As raízes da ciência da água

Coordenador Principal: Gean Paulo Michel
Coordenadores: Franciele Zanandrea, Masato Kobiyama, Heron Schwarz, Leonardo Rodolfo Paul, Bruno Henrique Abatti

Em uma linguagem lúdica, é comum usarmos a analogia que relaciona a bacia hidrográfica à anatomia de uma árvore. A água entra em uma árvore através de suas raízes e na bacia hidrográfica estas raízes são as encostas, cabeceiras e rios de baixa ordem. Assim, as raízes do escoamento estão nas encostas. Pensando na ciência Hidrologia, podemos ponderar que suas raízes modernas residem no estudo da geração do escoamento na Hidrologia de Encosta, com a contribuição de grandes hidrólogos como Horton, Hewlett, Dunne, Kirkby e Dietrich, entre outros. Embora a Hidrologia tenha avançado muito e incorporado inúmeras outras áreas, a raiz da Hidrologia, a Hidrologia de Encosta, ainda apresenta grandes desafios científicos a serem respondidos, principalmente para encostas com características similares àquelas encontradas no Brasil. Algumas perguntas ainda em aberto para a nossa região são: Como se dão os fluxos preferenciais, ou seja, quais os caminhos da água no solo e acima dele nas encostas? Em que situações o processo de fill and spill controla o fluxo de água nestas encostas? Como/Quando as bacias de ordem zero e os canais efêmeros conectam-se com a rede de drenagem? Como a mudança de uso do solo nas encostas afeta os padrões de resposta hidrológica e a ocorrência de movimentos de massa? De onde vem a água que deflagra deslizamentos? Como os fluxos de detritos remodelam a paisagem das encostas alterando os padrões de conectividade? Assim, esta sessão busca reunir pesquisadores interessados no monitoramento e modelagem de processos hidrológicos de encostas, no estudo da deflagração e propagação de movimentos de massa nas encostas e nos mecanismos de conectividade encosta-canal.

STE14 – Hidrologia no arco do desmatamento da Amazônia

Coordenador Principal: PAULO RÓGENES MONTEIRO PONTES
Coordenadores: Rosane Barbosa Lopes Cavalcante, Ayan Santos Fleischmann, Gabriel Brito Costa, Carlos Moreira de Souza Júnior

O arco do desmatamento é o nome comumente utilizado para designar uma área largamente desmatada nas últimas décadas na transição entre os biomas Amazônia e Cerrado. Mudanças climáticas e o desmatamento têm impactado sinergicamente os balanços de água e energia locais, afetando a provisão de serviços ecossistêmicos, bem como a segurança hídrica, energética e alimentar da região. A Amazônia possui ambientes importantes para o balanço global de gases estufa, como extensas áreas úmidas. Mas, emissões também ocorrem em áreas desmatadas, como aquelas convertidas em pastagem, mas um avanço das áreas agrícolas tem sido observado na última década principalmente na parte sul dessa região. O manejo dessas áreas, incluindo o pousio e a irrigação, é determinante para o impacto das mudanças de uso do solo e para a qualidade e quantidade de água dos rios e ecossistemas aquáticos. Adicionalmente, a região possui a maior sazonalidade hidroclimática da Amazônia, sendo potencialmente sensível a impactos de mudanças climáticas. Antever alterações nos rios e suas consequências locais, regionais e nacionais é essencial para o planejamento da região. A regeneração natural e iniciativas de reflorestamento ativo também são importantes fatores a serem considerados, e vem ganhando importância na gestão de recursos hídricos. Junto com a criação de áreas protegidas, são as principais medidas para a conservação dos serviços ecossistêmicos. Porém, a efetividade destas ações é cada vez mais cobrada. Assim, convidamos a comunidade científica para submeter trabalhos que aperfeiçoem o conhecimento científico sobre os recursos hídricos no arco do desmatamento, buscando uma visão interdisciplinar. Contribuições abrangem pesquisas hidrológicas e estudos de caso na região, relacionados a mudanças climáticas e de uso do solo, meteorologia, disponibilidade hídrica, vazão de base, qualidade da água, erosão, geração de energia hidrelétrica, aspectos socioeconômicos, serviços ecossistêmicos, conservação e proteção do solo, ecologia da paisagem, biodiversidade e gestão de recursos hídricos.

STE15 – Hidrologia Subterrânea: Modelagem, Monitoramento, Contaminação, Remediação e Avaliação de Risco  (Groundwater Hydrology: Modeling, Monitoring, Contamination, Remediation and Risk Analysis)

Coordenador Principal: Clyvihk Renna Camacho
Coordenadores: OTTO CORREA ROTUNNO FILHO, Itabaraci Nazareno Cavalcante, PAULO HENRIQUE FERREIRA GALVÃO, Cristovaldo Bispo dos Santos, Roberto Eduardo Kirchheim, Luiz Alberto Vedana, GUILLAUME F. BERTRAND
Debatedores: Maria Antonieta Mourão, Augusto Getirana, Daniele Tokunaga Genaro

A sessão busca situar a modelagem do fluxo de água subterrânea no contexto hidrológico nacional e internacional. A componente de água subterrânea necessita ser melhor entendida dentro do ciclo hidrológico. Os mananciais hídricos subterrâneos são os maiores estoques de água doce não congelada no mundo. No Brasil estes mananciais são tradicionalmente utilizados como fontes de abastecimento de água para o uso doméstico, industrial ou agrícola. A qualidade de suas águas, aliada à facilidade de extração em locais em escassez de águas de superfície, tem sido um fator importante e decisivo para o desenvolvimento de sistemas de extração em larga escala e de reduzidos custos visando satisfazer, quase sempre, demandas cada vez mais elevadas. A qualidade e quantidade das águas subterrâneas, entretanto, podem ser comprometidas caso a explotação não seja fundamentada em estudos preliminares de planejamento e uso sustentável dos mananciais.

É importante que seja assegurada às gerações futuras uma disponibilidade hídrica em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos, bem como a proteção dos mananciais contra fontes de poluentes. Cabe ressaltar, ainda, que a recuperação de aquíferos contaminados ou superexplotados é complexa, tendo em vista a lenta renovação de suas águas, com velocidades de fluxo extremamente reduzidas, bem como os elevados custos de remediação.

A avaliação integrada de das águas subterrâneas e superficiais constitui a forma mais adequada da gestão de recursos hídricos de uma região. A gestão deve sempre ser estabelecida com base na avaliação de condições hidrogeológicas específicas, bem como de possíveis impactos ambientais associados ao desenvolvimento e implantação de equipamentos de extração para satisfazer demandas múltiplas e usos cada vez mais competitivos de água. De fato, o planejamento deve ser realizado com base na representação conceitual físico do domínio, incluindo processos de fluxo e de transporte de massa que ocorrem no meio poroso, fraturado e/ou cárstico.

STE16 – Mecânica dos Fluidos Ambiental e Limnologia Física

Coordenador Principal: Michael Mannich
Coordenadores: Tobias Bleninger, Lais Ferrer Amorim de Oliveira, Laura Melo Vieira Soares, IRAN EDUARDO LIMA NETO

A limnologia e a mecânica dos fluidos ambiental focam em processos e interações que vão além da hidráulica tradicional. Especificamente, são incluídos processos de mistura e transporte de substâncias dissolvidas ou em suspensão, sendo analisados aspectos físicos, incluindo turbulência, dispersão e estratificação térmica e química. E estes são agregados e integrados com a análise de processos de transferência nas interfaces (superfície, fundo e interfaces de densidade). Os ambientes em consideração são lagos, reservatórios e águas costeiras, com foco nos estuários, bem como sistemas fluviais onde as características de transporte são influenciadas pela densidade.

Esta sessão visa conectar pesquisas que envolvem monitoramento e modelagem de sistemas aquáticos sob uma perspectiva quantitativa, enfatizando como os processos físicos interagem com a dinâmica biogeoquímica em escalas microscópicas e macroscópicas. Neste contexto, a ABRHidro é pioneira em acolher pesquisadores e profissionais atuantes nesta temática e deve ser referência contínua para este grupo técnico. São esperadas contribuições com abordagens teóricas ou aplicadas que visam à compreensão de fenômenos complexos, oferecendo previsibilidade e apoio à tomada de decisão. Os temas abrangem, mas não estão restritas a:

  • Descrição de fenômenos físicos e biogeoquímicos, modelagem, estudos de laboratório e campo, da dispersão de pluma de contaminantes e de aspectos que afetam a qualidade da água;
  • Identificação da influência de forçantes hidrológicos e meteorológicos sobre a circulação e suas implicações em termos do transporte de substâncias (nutrientes, matéria orgânica e fitoplâncton) e calor;
  • Técnicas de engenharia e de tecnologia para lançamento de efluentes ou estruturas de captação;
  • Avanços tecnológicos no monitoramento, em especial, sensores/plataformas (individuais, automatizados, autônomos, etc.), descrevendo sua escala temporal, capacidade e limitações inerentes;
  • Processamento de dados monitorados em diferentes escalas espaciais e temporais para compreender fenômenos da limnologia física;

STE17 – METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL EM ÁGUAS SUPERFICIAIS

Coordenador Principal: Aichely Rodrigues da Silva
Coordenadores: Francisco da Silva Costa, MARCELO FRANCISCO DA SILVA, ALESSANDRA LARISSA D OLIVEIRA FONSECA, LUIZ CARLOS ARAUJO DOS SANTOS, MARCIA ELIANE SILVA CARVALHO, Claudinei José Rodrigues, Joaquim Paulo de Almeida Júnior
Debatedores: Rodrigo Lima Santos, Carlos Ribeiro, António Avelino Batista Oliveira, Anézia Maria Fonsêca Barbosa

No Brasil, a principal preocupação é referente ao uso da água, e não à qualidade ambiental, a exemplo, do enquadramento das águas para uso e destinação antrópica. O país dispõe de cerca 12% da disponibilidade mundial de recursos hídricos, que é de 1,5 milhões de m3/s. Entretanto, essas águas superficiais apresentam quadros críticos em relação à qualidade devido ao lançamento de efluentes domésticos e industriais sem tratamento ou com tratamento inadequado, às práticas agropecuárias e às pressões da urbanização.

A temática no tocante a qualidade das águas superficiais e seu efeito sobre o ecossistema ainda é deficiente, visto que nossa legislação vigente, não demonstra preocupação com os bioindicadores, como na Diretiva Quadro da Água da Comunidade Europeia. Na União Europeia, pelas várias diretivas, preza pelo bom estado ecológico dos ambientes aquáticos. Destaca-se que a qualidade das águas é essencial para a área econômica, social, cultural, saúde pública e ambiental, sendo um problema presente em várias décadas, tanto no Brasil como em outros países. Portugal, assim como o Brasil, apesar de dispor da Directiva do Quadro da Água tem problemas quanto à intercalibração das análises, já que os corpos d?água diferem no tamanho e na geologia da captação, nas espécies e nas taxas de bioindicadores presentes.

As contribuições da sessão temática abrangem aos seguintes tópicos:

  • Indicadores, índices e metodologias de avaliação da qualidade das águas superficiais;
  • Estudos de restauração de corpos d?água;
  • Estratégias de integração e envolvimento dos cidadãos e de profissionais que trabalham com a temática abordada e de fomento da integração dos setores privado, público e Academia;
  • Estudos com enfoque nas ações público e privado na tomada de decisões sobre os recursos hídricos, assim como implementação de modelos de governança multinível;
  • Estratégias de implementação de ações de capacitação e aumento da literacia ambiental.

STE18 – Modelagem Numérica e Física de Escoamentos

Coordenador Principal: José Carlos Cesar Amorim
Coordenadores: MAURICIO DAI PRA, José Carlos Cesar Amorim, Marcelo Giulian Marques, EDNA MARIA DE FARIA VIANA, Ana Letícia Pilz de Castro, Mariane Kempka

Sessão técnica especial concebida a partir da necessidade de ampliar as discussões acerca da modelagem física e numérica de escoamentos complexos, sob a ótica da necessária indissociabilidade destas ferramentas com os resultados obtidos em campo.

A aplicação dos resultados obtidos em modelagem de escoamentos tem sido cada vez mais frequente e importante no setor de recursos hídricos nacional e internacional. A necessária discussão da validade destes resultados é que demanda maior atenção em um momento em que o uso deste tipo de ferramenta tem se tornado intenso e nem sempre cercado dos devidos cuidados na aplicação/interpretação de respostas obtidas rapidamente e com uso prático imediato.

Esta sessão tem a expectativa de incorporar trabalhos relacionados a aplicação prática da modelagem numérica e/ou física, relacionados a escoamentos a superfície livre ou pressurizados, e aplicados aos diversos setores que compõe a área dos recursos hídricos (saneamento em geral, drenagem urbana, irrigação, navegação, geração de energia, mineração, dentre outros). Também são esperadas contribuições que apresentem avanços científicos e tecnológicos apoiados na validação de resultados obtidos por modelagem com resultados obtidos em campo ou em protótipos.

STE19 – MONITORAMENTO DE BAIXO CUSTO E TECNOLOGIAS EMERGENTES EM HIDROLOGIA

Coordenador Principal: João Henrique Macedo Sá
Coordenadores: Davi Edson Sales e Souza, Lívia Malacarne Pinheiro Rosalem, Alondra Beatriz Alvarez Perez, Dimaghi Schwamback, Jamil Alexandre Ayach Anache

O monitoramento hidrológico contínuo e representativo de diferentes ambientes é fundamental para o avanço na compreensão do ciclo hidrológico, avaliação de modelos e gestão dos recursos hídricos. No Brasil, os principais dados monitorados são vazão e precipitação. O custo de implementação e manutenção de equipamentos e sensores é um dos principais desafios para ampliação da área monitorada e aumento do número das componentes hidrológicas monitoradas. Este desafio é ainda maior para entidades dedicadas à pesquisa, onde os recursos financeiros são reduzidos. Esta sessão busca discutir e motivar o uso de tecnologias alternativas às tradicionalmente utilizadas em hidrologia, com menor custo, a fim de permitir o avanço no monitoramento hidrológico de excelência para todos. Assim, serão abordados os seguintes tópicos:

  1. Utilização de metodologias e ferramentas de baixo custo, inovadoras e/ou emergentes no monitoramento dos componentes do balanço hídrico, em diferentes escalas;
  2. Análise de fontes de incertezas e acurácia nos componentes estimados do balanço hídrico;

iii. Avaliação comparativa de metodologias e tecnologias aplicadas ao monitoramento hidrológico.

Encorajamos submissões de trabalhos que utilizaram diferentes abordagens metodológicas. São bem vindos trabalhos nas seguintes temáticas: Novos sistemas de sensores, utilizando tecnologias de formas novas ou não tradicionais; soluções de armazenamento ou transmissão de dados; e avaliações de incerteza em estimativas passadas/futuras dos componentes do balanço hídrico e suas implicações. Incentivamos que os autores apresentem seus protótipos, processos de calibração e façam demonstrações de seu uso.

STE20 – New science for operational hydrology in Latin America

Coordenador Principal: Pedro Luiz Borges Chaffe
Coordenadores: Rodrigo Cauduro Dias de Paiva, JHAN CARLO ESPINOZA, MARCUS SUASSUNA SANTOS, Günter Blöschl, Cristovão Vicente Scapulatempo Fernandes

Latin America is home of several unique hydrological systems with some of the largest basins in the world. The combination of diverse climates, biomes, complex topography and ecosystems with a rapid growing human footprint makes it the perfect test bed for exploring hydrological knowledge in the interface of science, policy, and practice in water resources.

In this session, we will explore how advances in the science of hydrology are being implemented in countries of Latin America, regarding a multitude of spatio-temporal scales. This session welcomes both theoretical and case studies that consider observation and modelling systems and the possible effects of social and environmental changes on water resources systems. We hope to understand how operational hydrology is done in the countries of Latin America, in what ways could science improve operational hydrology, how practical problems can inform important scientific questions, and what are the skills and tools necessary for translating hydrological research into operation and decision making in water resources systems of Latin America.

STE21 – O “Velho Chico”: água que (se) transforma

Coordenador Principal: SILVANIO SILVERIO LOPES DA COSTA

i) O rio de integração nacional se destaca pela sua capacidade de moldar-se as condições que lhe são impostas, sendo capaz de fornecer desde energia à alimentação de comunidades ribeirinhas, e menos favorecidas economicamente.

ii) Essa “transformidade” provoca, contudo, impactos que refletem no âmbito social (quando da falta de alimento para subsistência, por exemplo) e ambiental (quando, por exemplo, as alterações do regime de vazão e o avanço da cunha salina). Além disso, há estudos que demonstram a diminuição da vazão do rio devido a diminuição do afloramento proveniente do aquífero Urucuia, “maior fornecedor de água para o rio São Francisco (SF)”.

iii) 1. Trabalhos voltados para o Urucuia. 2. Estudos voltados para o regime de vazão imposto pelas concessionárias de energia. 3. Discussões sobre os impactos ambientais observados, especialmente, no baixo São Francisco. 4. Proposições para uma rede integrada de pesquisas no São Francisco. 5. Regulação dos irrigantes e outros usuários (cobrança pelo uso). 6. Recursos pesqueiros. 7. Cidades ribeirinhas e saneamento básico, em que foram revertidos os investimentos?. 8. Fauna e flora do São Francisco. 9. Desenvolvimento econômico e sustentabilidade .10. Bacias afluentes.

STE22 – Operação e Manutenção de Obras de Infraestrutura Hídrica

Coordenador Principal: José Carlos Cesar Amorim
Coordenadores: Aloysio Portugal Maia Saliba, MAURICIO DAI PRA, BRUNO VICTOR VEIGA, JORGE LUIS ZEGARRA TARQUI, CARLOS BARREIRA MARTINEZ, Mila Correa Sampaio

Sessão técnica especial concebida a partir da necessidade de ampliar as discussões acerca dos aspectos hídricos (notadamente hidráulicos e hidrológicos) envolvidos em obras e instalações relacionados à infraestrutura hídrica. As obras da integração do Rio São Francisco reforçam a importância desta discussão, assim como os recentes acidentes com barragens (no Brasil e no mundo) reforçam ainda mais a urgência no avanço neste tema.

Os aspectos sociais e ambientais relacionados a estas estruturas estão diretamente ligadas à sua segurança. A manutenção da operação em condições adequadas e seguras garante a continuidade dos benefícios por elas proporcionado.

Espera-se que esta sessão técnica possa reunir contribuições científicas nacionais e internacionais relacionadas com projetos de obras de infraestrutura hídrica, notadamente quanto a obras que ampliem a disponibilidade hídrica, tais como barragens e canais (dentre outras). Também se espera que aspectos relacionados à manutenção e operação destas obras sejam contemplados a partir de experiências oriundas de diversas instituições de pesquisa, projetistas e construtoras.

STE23 – Previsão Hidrológica

Coordenador Principal: Cleber Henrique de Araujo Gama
Coordenadores: ARTUR JOSE SOARES MATOS, Reinaldo Silveira, Christopher Cunningham, LUANA FERREIRA GOMES DE PAIVA, Cássia Silmara Aver Paranhos, Fernando Mainardi Fan, Ingrid Petry, Daniel Firmo Kazay

A antecipação da condição de vazão em rios é muito valiosa, seja para a otimização do uso de recursos hídricos e energéticos ou para a mitigação de impactos negativos de eventos hidrológicos, pois permite a emissão de alertas, tomada de decisão na operação de obras hidráulicas, execução de planos de resposta a emergências, entre outras preparações.

Para prover previsões de vazão de boa qualidade e em tempo apropriado é necessário prever corretamente o comportamento de um sistema natural complexo, modificado por ações humanas, que é uma bacia hidrográfica. Além disso, as previsões de vazões devem ser feitas utilizando informações incompletas e incertas de variáveis meteorológicas e hidrológicas. Destaca-se também que a qualidade dessas informações precisa ser analisada e, em muitos momentos, a mesma precisa ser revisada.

Esta sessão será uma oportunidade para reunir cientistas, hidrólogos, engenheiros, meteorologistas, e demais profissionais interessados em explorar o uso de técnicas de previsão hidrológica ou hidrometeorológica e suas aplicações. São bem-vindos todos os tipos de aplicações de técnicas e estudos de caso.

A sessão busca trabalhos que envolvem previsões nas escalas de prazos curto, médio, sub sazonal e sazonal.

As contribuições abrangem, mas não estão restritas, aos seguintes tópicos:

  • Desenvolvimento de modelos e sistemas de previsão;
  • Avaliação do desempenho e qualidade de previsões;
  • Investigação em previsão por conjunto (ensemble);
  • Técnicas para melhorar a aptidão dos sistemas de previsão;
  • Estratégias para equilibrar o conhecimento humano e a automação em sistemas de previsão.

A sessão busca trabalhos que envolvem tanto aspectos metodológicos gerais quanto estudos de casos. Estudos de caso com diferentes usuários, escalas espaço-temporais, intervalos de previsão, regimes hidrológicos e meteorológicos são bem-vindos.

Atenta-se ao fato que previsões ou projeções climáticas (como de mudanças climáticas) não são o interesse desta sessão.

STE24 – Recursos hídricos da Amazônia

Coordenador Principal: Ayan Santos Fleischmann
Coordenadores: Alice César Fassoni de Andrade, Rodrigo Cauduro Dias de Paiva, Fabrice Papa, MARIE-PAULE BONNET, Rosane Barbosa Lopes Cavalcante
Debatedor: Rogério Ribeiro Marinho

A Bacia Amazônica abriga o maior e mais complexo sistema hidrológico continental com múltiplos rios e áreas úmidas. Abrange sete países e quatro dos dez maiores rios do mundo em vazão. O Rio Amazonas exporta quase 20% do total da água doce que chega aos oceanos anualmente, além de uma grande quantidade de sedimentos e material dissolvido. Complexos sistemas sócio-ecológicos se adaptam ao pulso anual de inundação e interagem com a dinâmica hidrológica nesta bacia. As áreas úmidas amazônicas são peças-chave no ciclo de carbono global, e o fluxo de água transpirado pelas florestas da região contribui diretamente para a formação das chuvas para diferentes regiões da América do Sul. Por outro lado, a região tem enfrentado grandes desafios associados às mudanças climáticas e antropogênicas, como a intensificação de cheia e secas nos últimos anos, construções de hidrelétricas, garimpo ilegal e desmatamento.

Grandes avanços em monitoramento in situ, sensoriamento remoto e modelagem hidrológica têm permitido uma melhor compreensão do papel dos recursos hídricos nesta bacia face às mudanças ambientais. Assim, esta sessão técnica busca apresentar as contribuições mais recentes sobre a hidrologia da Amazônia e as implicações para a gestão dos recursos hídricos, ecologia, clima, geomorfologia, etc. Estudos que elucidam processos hidrológicos,  morfodinâmicos e sedimentológicos na região são esperados, assim como abordagens interdisciplinares, por exemplo, sobre a relação entre recursos hídricos, mudanças ambientais, mudanças climáticas, ecossistemas aquáticos e impactos nos modos de vida ribeirinhos. Contribuições descrevendo iniciativas para democratizar o acesso à água em quantidade e qualidade adequadas ao longo da região são incentivadas, abordando os desafios regionais enfrentados pela Amazônia. Por fim, pesquisadores/as e gestores com atuação na Amazônia são convidados a contribuir para o debate sobre como promover a gestão de recursos hídricos e redução dos impactos de desastres naturais em escala regional, nacional e pan-amazônica.

STE25 – Segurança de Barragens

Coordenador Principal: Jussara Cabral Cruz
Coordenadores: INGRID ILLICH MULLER

A comunidade da ABRHidro tem tido uma atuação fundamental para o avanço do tema de segurança de barragens no país, desde o desenvolvimento tecnológico até a elaboração de legislações e regulamentações nacionais que, hoje, colocam o Brasil como uma referência mundial. Manter ativo o tema e o compartilhamento de experiências e de avanços científicos e tecnológicos entre os membros de sua  comunidade representa uma significativa contribuição da ABRHidro para a sociedade brasileira e sua segurança hídrica.

Existem mais de 24 mil barragens cadastradas no Brasil e muitos indicativos técnicos de que o número de barragens realmente existentes seja significativamente maior. A maioria delas é de barragens de acumulação de água para usos múltiplos e são nelas onde estão sendo verificadas as maiores dificuldades de implementação dos instrumentos da Política Nacional de Segurança de Barragens – PNSB. Mesmo para as barragens para as quais os instrumentos da PNSB são elaborados, existem vários desafios para sua implementação e para a conexão com os instrumentos da política de defesa civil.

Nesse sentido, espera-se que sejam apresentadas contribuições sobre avaliação de riscos e danos potenciais, hidráulica de barragens, técnicas e instrumentos de monitoramento e inspeção, simulações de rompimento hipotético, avaliação de impactos de mudanças climáticas e alterações de alteração de regimes hidrológicos, planejamento de ação de emergência e integração com planos de contingência, estudos de casos de rompimentos de barragens, técnicas e modernização da fiscalização, entre outros.

STE26 – Sensoriamento remoto da água: avanços técnicos-científicos e aplicações na nova era de disponibilidade de informação

Coordenador Principal: ANDERSON LUIS RUHOFF
Coordenadores: Rodrigo Cauduro Dias de Paiva, Alice César Fassoni de Andrade, MARIELLE GOSSET, Daniel Medeiros Moreira, Fabrice Papa
Debatedor: Felipe de Lucia Lobo

Avanços tecnológicos na observação do sistema terrestre por sensoriamento remoto permitem o monitoramento do ciclo hidrológico terrestre de maneira contínua, distribuída e detalhada, incluindo variáveis como precipitação, evapotranspiração, umidade do solo, níveis d’água superficiais e extensão de corpos hídricos, variações no armazenamento total de água, e qualidade da água. A partir da disponibilidade sem precedentes de dados espaciais, uma mudança de paradigma está em andamento em termos de compreensão de processos hidrológicos. Ainda persistem grandes desafios relacionados ao desenvolvimento de melhores métodos de estimativas hidrológicas via sensoriamento remoto, à definição de metodologias para operacionalização do uso dessas informações e à formação de recursos humanos capacitados. Existem hoje muitas oportunidades para o uso efetivo dessas informações para estudos, diagnósticos e acompanhamento de sistemas hidrológicos, alterações ambientais e aplicações para tomada de decisão na gestão de recursos hídricos. Essa sessão será uma oportunidade para reunir cientistas, hidrólogos, engenheiros e demais profissionais interessados em conhecer e compartilhar técnicas de sensoriamento remoto para a observação do ciclo hidrológico terrestre.

STE27 – Soluções baseadas na Natureza (SbN) na área de recursos hídricos

Coordenador Principal: Claudia Moster

Na busca de soluções para os diferentes problemas em relação à quantidade e qualidade dos recursos hídricos, várias tecnologias são desenvolvidas, em diferentes áreas do conhecimento. Da mesma forma, novos conceitos são incorporados à gestão de recursos hídricos, como é o caso da aplicação de Soluções baseadas na Natureza (SbN). Embora no exterior a difusão dessas técnicas seja crescente, no Brasil essas iniciativas ainda são incipientes, e quase inexistentes em algumas regiões. Dessa forma, considera-se que o conhecimento técnico, a difusão de exemplos de aplicação que possam subsidiar tomadas de decisão, e a divulgação de estudos que demonstrem a viabilidade de técnicas adaptadas à realidade local, podem contribuir para a adoção dessas práticas. A aplicação das SbN permeia diferentes áreas, por exemplo, drenagem urbana, segurança hídrica e alimentar, implantação de infraestrutura verde e resiliência às mudanças climáticas (RODRIGUES et al., 2021). Os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da ONU contemplam os conceitos de cidades sustentáveis e bem-estar, destacados como ODS 11 e 3, respectivamente, mas o tema apresenta relação com praticamente todos os 17 ODS propostos. Espera-se que essa sessão técnica especial seja um momento oportuno para a troca de experiências e a apresentação de resultados obtidos em pesquisas e trabalhos profissionais. As contribuições a serem apresentadas poderão abordar diferentes tipos de soluções baseadas na natureza aplicadas na área de recursos hídricos, como a descrição de  técnicas e suas recomendações específicas, apresentação de parâmetros de avaliação e eficiência, de estudos de caso, de experiências de aplicação, em ambiente urbano ou rural.

STE28 – Técnicas de drenagem urbana sustentáveis para a mitigação dos efeitos da urbanização: controle de quantidade e qualidade, governança e integração com planejamento urbano

Coordenador Principal: Marina Batalini de Macedo
Coordenadores: LIGIA MARIA NASCIMENTO DE ARAUJO, Maria Clara Fava, Anaí Floriano Vasconcelos, Caroline Kozak, Maria Fernanda Nóbrega dos Santos, Priscilla Macedo Moura, Maria Elisa Leite Costa

A urbanização mostrou nas últimas décadas tendência crescente e irreversível, na grande maioria dos países. Os impactos negativos desse processo atingem todos os aspectos da qualidade de vida dos cidadãos, sendo especialmente verificados nos recursos hídricos – disponibilidade e qualidade. As consequências da ausência de planejamento integrado dos serviços de saneamento básico e da gestão territorial, com foco na drenagem urbana, acompanhada de medidas equivocadas com intervenções locais que causam externalidades negativas, determinam cenários de inundações e alagamentos, degradação de rios urbanos e da qualidade da água. Soluções alternativas e inovadoras têm sido propostas para reduzir os efeitos do impacto da urbanização no ciclo hidrológico natural. São elas: sistemas de drenagem urbana sustentável (SUDS), desenvolvimento de baixo impacto (LID), soluções baseadas na natureza (SBN), dentre outras nomenclaturas que aplicam técnicas estruturais e não estruturais de forma difusa na bacia. Tais soluções visam promover: o armazenamento do escoamento superficial, a infiltração e/ou evapotranspiração ou sua coleta para reuso, reduzindo o aporte imediato de poluição difusa e de escoamento superficial aos cursos d?água; a gestão integrada holística de recursos hídricos em escala urbana e de bacia hidrográfica; dentre outros objetivos. Essas alternativas estão alinhadas com os ODS 6 ? água limpa e saneamento, ODS 11 ? cidades sustentáveis e ODS 13 ? ação climática, dentre outros de forma interdisciplinar e por abordagens integradas. É necessário o aumento das medidas de governança, regulação e clareza nas atribuições de gestão para o correto manejo das águas pluviais e drenagem urbana, além de fomentar as discussões acerca da qualidade da água nesses momentos. Essas medidas precisam ser difundidas e concretizadas com sua incorporação aos planos diretores e planos de saneamento básico, exigidas em regulamentações sobre a prestação dos serviços de saneamento e concessão de outorga de uso da água, com incentivos diretos ao cidadão.